domingo, 16 de fevereiro de 2014

A Falta

Deixarei um singelo recado para o que me acalenta no escurecer da noite...
Não deixarei mágoas para trás devido a lacuna do momento, e que fique claro que sua presença se iguala a luz, a vida.
Eu sinto que meu reflexo espelha o seu e que juntos formamos uma única silhueta, da mesma maneira de que os sons de sua voz ecoam no mesmo sentido do meu beco infinito.
Devo negar assim meu desejo a ti, pois a busca incansável por você torna o dia ainda mais excitante;
Quero que creia em mim como a fé que usufrui um desesperado, como a ambição pelo inexplicável.
Para que eu possa levar uma gota potável à seca deste verão, saciando assim a ânsia momentânea de suas mãos. Que acariciaram no passado a matéria que me envolve, a áurea que me projeta.
Fecharei os olhos diante do seu contato posto diante outra face, indagando e almejando que ao menos haja felicidade, para que assim compense o que não foi.
Porém, tu saberes que quem realmente colheu o carvalho do passado fui eu, o minucioso Viajante, que deixou aquela única sensação...
Pois eu toquei a face da Lua, e ouvi o eco de sua voz soando suave pelo beco escuro, iluminado pela alma de quem ficou... Os meus dedos entrelaçaram formando um só toque diante da névoa daquela noite, irradiante e dócil entre as nuvens da Lua...
E que ao menos a essência tenha ficado, pelo Viajante abandonado que hoje está solitário em um veleiro de eixos silenciosos, aguardando o movimento do próximo barco para seguir em busca de sua jornada, à procura daquela amada, que no peito do mesmo nunca se foi. Ele assim a irá possuir, como ninguém nunca mesmo fez, ser dono e cuidar de uma Lua, que de fases já despistou, aproximou e afastou; deixando pistas encurraladas pelo destino, pelo mar, pelo vento, pelo céu, as aves e as estrelas, que são prova viva de que quem ama cuida e que a distância é mero detalhe para quem sabe expor sua verdade.


Vinícius Cappato Guerra Silva




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